Os ibéricos foram povos antigos que habitaram a península Ibérica, deixando um legado de arte, como as famosas esculturas da Dama de Elche e da Dama de Baza
Os povos antigos que habitaram a península ibérica deixaram um legado cultural significativo. A existência desses povos foi documentada por historiadores e geógrafos gregos.
Eles constituíram uma das civilizações mais importantes da antiguidade na região, ocupando principalmente as regiões sul e leste entre os século VIII a.C. e I a.C. Não eram um grupo homogêneo, mas sim um conjunto de tribos e povos com características culturais semelhantes.
A cultura desses povos foi sofisticada, com arte distintiva e sistema de escrita próprio. Entre suas maiores contribuições artísticas estão as esculturas monumentais, como a Dama de Elche e a Dama de Baza.
Quem foram os Ibéricos: Origens e Contexto Histórico
A origem dos ibéricos é um tópico de debate entre os estudiosos, com várias teorias tentando explicar sua procedência. Os ibéricos foram povos antigos que habitaram a Península Ibérica, região que compreende atualmente Portugal e Espanha.
Teorias sobre a origem dos povos ibéricos
Existem várias teorias sobre a origem dos povos ibéricos. Segundo uma teoria, os Iberos são considerados os habitantes originais da Europa Ocidental e os criadores da grande cultura megalítica que teve início em Portugal.
Outra teoria sugere que os Iberos são de origem Ibéria caucasiana, baseando-se em similaridades culturais e arqueológicas. Uma terceira teoria indica que eles são originários do Norte da África, emigrando no século VI a.C. para a Península Ibérica.
Cronologia e período de existência
Cronologicamente, o período de existência dos ibéricos como cultura distinta se estendeu aproximadamente do século VIII a.C. até o século I a.C. Durante este tempo, desenvolveram uma identidade cultural própria, que posteriormente foi influenciada e parcialmente assimilada pelos celtas, formando em algumas regiões os celtiberos.
A existência dos ibéricos como povos distintos terminou gradualmente com a romanização da península, embora muitos elementos de sua cultura tenham persistido por mais tempo.
A interação com outros povos, como os Fenícios, que fundaram várias colônias comerciais na região, também foi significativa durante o período de existência dos ibéricos. Essa interação contribuiu para a riqueza cultural e a diversidade da região.
Território e Distribuição Geográfica na Península Ibérica
Os ibéricos ocuparam principalmente as regiões sul e leste da Península Ibérica, estabelecendo-se em uma faixa territorial que ia desde a atual Andaluzia até o Languedoc, no sul da França.
A distribuição geográfica das tribos ibéricas não era homogênea, com diferentes grupos ocupando territórios específicos e desenvolvendo características culturais próprias.
Regiões Ocupadas no Sul e Leste Peninsular
No sul peninsular, os Bastetanos constituíam uma das tribos territorialmente mais importantes, ocupando a região de Almeria e as zonas montanhosas de Granada. A oeste dos Bastetanos encontravam-se os povos agrupados sob o nome de “Tartessos”, entre os quais se destacavam os Turdetanos do vale do rio Guadalquivir, considerados os mais poderosos.
A presença ibérica na costa leste é caracterizada pela formação de cidades-estado independentes, com sistemas políticos próprios e autonomia administrativa. Essa organização permitiu que as tribos ibéricas mantivessem sua identidade cultural e política.
Principais Assentamentos e Cidades-Estado
Os principais assentamentos ibéricos eram geralmente fortificados (oppida), localizados em pontos estratégicos que permitiam o controle do território e das rotas comerciais. Algumas cidades ibéricas importantes incluíam Edeta (atual Líria), Arse (Sagunto), Saitabi (Xátiva) e Ilici (Elche), esta última onde foi encontrada a famosa Dama de Elche.
Essas cidades-estado desempenharam um papel crucial na organização política e econômica dos ibéricos, facilitando o comércio e a interação cultural com outros povos da região.
Os Ibéricos: Organização Social e Política
A sociedade ibérica era complexa e multifacetada, refletindo uma organização social e política sofisticada. A forma como os ibéricos se organizavam social e politicamente era influenciada por sua cultura, economia e interações com outros povos.
Estrutura social e hierarquia
A sociedade ibérica estava dividida em diferentes classes, incluindo governantes ou caudilhos, nobres, sacerdotes, artesãos e escravos. No topo da estrutura social encontravam-se os governantes ou caudilhos, seguidos por uma aristocracia guerreira que controlava grandes extensões de terra.
A classe sacerdotal ocupava uma posição de prestígio, servindo como intermediária entre a população e as divindades.
Artesãos especializados formavam uma classe média valorizada por suas habilidades, especialmente aqueles dedicados à metalurgia e à produção de cerâmica.
Na base da pirâmide social estavam os camponeses livres e os escravos, estes últimos obtidos principalmente através de guerras ou por dívidas. Essa estrutura social refletia a distribuição de poder e riqueza dentro das comunidades ibéricas.
Sistemas de governo e liderança
Os sistemas de governo variavam conforme a região: no leste peninsular predominavam as cidades-estado independentes, enquanto no sul desenvolveram-se monarquias mais centralizadas.
A forma de exercício do poder baseava-se em relações de vassalagem, com os líderes mantendo sua autoridade através de laços de lealdade e obrigação mútua.
Com o tempo, a influência de fenícios e gregos introduziu novos modelos de organização política, especialmente nas regiões costeiras sob seu domínio comercial.
A sociedade ibérica adaptou-se a essas influências, integrando-as à sua própria forma de governo e liderança, resultando em uma rica diversidade de sistemas políticos.
Economia e Subsistência dos Povos Ibéricos
Os povos ibéricos desenvolveram uma economia robusta, apoiada na agricultura, mineração e comércio. Essa diversificação permitiu que os ibéricos prosperassem na Península Ibérica.
Agricultura e Pecuária
A agricultura constituía a base da subsistência ibérica, com o cultivo de cereais como trigo e cevada, além de leguminosas, videiras e oliveiras. A introdução de oliveiras e videiras foi influenciada pelo contato com gregos e fenícios, mostrando a relação entre esses povos.
A pecuária também tinha grande importância, com a criação de ovinos, caprinos e, especialmente, cavalos, que eram muito valorizados e faziam parte importante da identidade cultural ibérica.
Mineração e Metalurgia Desenvolvida
A mineração representava uma atividade econômica crucial, com a exploração intensiva de prata nas proximidades de Cartagena, ferro no vale do Ebro e depósitos de cobre e estanho em várias regiões.
A metalurgia ibérica alcançou um alto grau de sofisticação, produzindo armas, ferramentas e objetos decorativos que demonstravam grande domínio técnico e artístico.
Redes Comerciais com Fenícios e Gregos
As redes comerciais estabelecidas com fenícios e gregos foram fundamentais para o desenvolvimento econômico ibérico. Os fenícios fundaram colónias comerciais importantes como Cádis, Eivíssia e Empúrias, que serviam como entrepostos para o comércio mediterrâneo.
A cerâmica ibérica encontrada em locais distantes como o sul da França, Sardenha, Sicília e norte da África evidencia a extensão das relações comerciais mantidas por estes povos.
A economia ibérica, portanto, era caracterizada por sua diversidade e complexidade, refletindo a sofisticação e a capacidade de adaptação dos povos ibéricos.
A Religião e Rituais dos Ibéricos
A espiritualidade ibérica era caracterizada por uma mistura de influências locais e mediterrâneas. A religião dos povos ibéricos era politeísta, com um panteão diversificado de divindades.
Divindades e Cultos Religiosos
A influência de culturas mediterrâneas é evidente na adoção de divindades fenícias como Tanit, Baal e Melkart, e gregas como Ártemis, Deméter e Asclépio, que foram incorporadas ao panteão ibérico. Embora grande parte dos deuses originais e seus cultos permaneçam desconhecidos, é claro que a religião ibérica era complexa e multifacetada.
Santuários e Práticas Funerárias
Os santuários religiosos eram geralmente construídos em locais elevados ou em cavernas, considerados pontos de conexão entre o mundo terreno e o divino. Foram encontradas numerosas estatuetas votivas de bronze e terracota, especialmente nas regiões montanhosas, que representavam oferendas aos deuses.
As práticas funerárias variavam conforme a região e o período, incluindo tanto a incineração quanto a inumação, com rituais específicos que refletiam crenças sobre a vida após a morte.
Os enterramentos das elites eram frequentemente acompanhados de ricos conjuntos funerários, incluindo armas, joias e cerâmicas. A presença de esculturas monumentais em contextos funerários sugere um culto aos antepassados e uma crença na continuidade entre o mundo dos vivos e dos mortos.
A Cultura Material e Cotidiano
A cultura material dos povos ibéricos é um reflexo de sua vida cotidiana e das necessidades práticas e estéticas. A sociedade ibérica era urbana, vivendo em aldeias e oppida (povoações fortificadas), o que influenciou significativamente sua cultura material.
Cerâmica e objetos do dia a dia
A cerâmica ibérica destaca-se pela grande variedade de estilos e decorações, com motivos geométricos, vegetais e, em fases mais tardias, representações de animais e figuras humanas.
Os objetos do dia a dia incluíam utensílios domésticos, ferramentas agrícolas, armas e adornos pessoais, produzidos com materiais diversos como cerâmica, metal, madeira e fibras vegetais.
Arquitetura e urbanismo dos oppida
A arquitetura ibérica evoluiu significativamente entre os séculos V e III a.C., desenvolvendo técnicas construtivas que combinavam pedra, adobe e madeira. Os oppida constituíam a forma típica de assentamento urbano, estrategicamente localizados em colinas ou planaltos que facilitavam a defesa.
O urbanismo ibérico caracterizava-se por um traçado adaptado à topografia, com ruas estreitas e casas retangulares ou quadrangulares agrupadas em quarteirões.
Com a conquista romana, muitas cidades ibéricas foram abandonadas ou transformadas em assentamentos romanos, alterando significativamente a paisagem urbana da península.
A Arte Ibérica: Características e Influências
Os ibéricos desenvolveram uma arte única, influenciada por culturas mediterrâneas, mas mantendo características próprias. Essa expressão artística é um reflexo da rica história e cultura dos povos que habitaram a península Ibérica.
Influências Gregas e Fenícias na Estética Ibérica
A arte ibérica foi significativamente influenciada pelas culturas grega e fenício-púnica, resultado do intenso comércio e contato cultural estabelecido através das colônias fundadas na costa peninsular. Na região valenciana e no nordeste, a influência grega era predominante, irradiando-se a partir da colônia de Emporion (atual Ampúrias).
No sul e sudeste, a estética fenício-púnica era mais marcante, especialmente devido às colônias fenícias de Malaca (Málaga), Sexi (Almuñécar), e Abdera (Adra). Essas influências são evidentes nas obras de arte ibéricas, que combinaram elementos estilísticos mediterrâneos com uma sensibilidade local.
Estilos Regionais e Evolução Artística
A escultura ibérica representa o aspecto mais notável de sua produção artística, com obras monumentais em pedra que exemplificam a síntese cultural ibérica. A famosa Dama de Elche é um exemplo notável, apresentando características que demonstram forte influência clássica grega, mas com elementos decorativos e simbólicos tipicamente ibéricos.
Os estilos regionais variavam consideravelmente, com escolas escultóricas distintas em áreas como Levante, Andaluzia, e Sudeste. A evolução artística ibérica pode ser traçada desde o século VI a.C., com obras mais esquemáticas e geometrizantes, até o período helenístico (séculos III-II a.C.), quando alcançou maior naturalismo e sofisticação técnica.
Além da escultura, a arte ibérica manifestou-se em outras formas, como a ourivesaria, a cerâmica pintada, e os bronzes votivos. Para saber mais sobre a história da arte e sua evolução, visite História da Arte.
As Esculturas Ibéricas: Obras-Primas da Antiguidade
Com uma rica história, as esculturas ibéricas são testemunhos da arte e religiosidade da antiguidade. Estas obras-primas representam uma parte significativa do legado cultural deixado pelos povos ibéricos na Península Ibérica.
Significado religioso e cultural das esculturas
As esculturas ibéricas desempenhavam um papel fundamental na religiosidade e cultura dos povos ibéricos. Muitas destas esculturas estavam associadas a cultos funerários ou votivos, servindo como intermediárias entre o mundo dos vivos e o sobrenatural.
Grande parte das esculturas monumentais tinha uma função apotropaica, sendo colocadas em santuários ou necrópoles como guardiãs dos espaços sagrados. As representações femininas, como a Dama de Elche do século IV a.C., são interpretadas como divindades ou sacerdotisas, evidenciando o importante papel das mulheres na religiosidade ibérica.
Técnicas e materiais utilizados
A forma como as esculturas ibéricas foram criadas demonstra uma evolução considerável ao longo do tempo, partindo de formas mais rígidas e esquemáticas para representações mais naturalistas, especialmente após o contato com a arte grega.
O material mais utilizado era a pedra calcária local, trabalhada com ferramentas de metal que permitiam entalhes detalhados, posteriormente cobertos com estuque e policromia.
Além das esculturas monumentais em pedra, os ibéricos produziam pequenas estatuetas votivas em bronze e terracota, encontradas em grande número nos santuários, especialmente nas regiões montanhosas.
A combinação de elementos estilísticos diversos em uma linguagem própria demonstra a sofisticação cultural dos povos ibéricos e sua capacidade de assimilação e reinterpretação de influências externas.
A Dama de Elche: Ícone da Arte Ibérica
Com sua beleza e complexidade, a Dama de Elche é considerada um ícone da arte ibérica do século IV a.C. Esta escultura em pedra calcária é um exemplar magnífico da sofisticação artística alcançada pelos povos ibéricos.
História e Descoberta
A história da Dama de Elche começa em 4 de agosto de 1897, quando foi encontrada por Manuel Campello, um trabalhador agrícola, em La Alcudia, próximo à cidade de Elche, no sudeste da Espanha. A descoberta foi um marco importante para a arqueologia ibérica, revelando uma peça de grande valor histórico e artístico.
Após sua descoberta, a escultura foi adquirida pelo arqueólogo francês Pierre Paris e levada para o Museu do Louvre em Paris. Permaneceu lá até 1941, quando foi devolvida à Espanha através de um acordo entre os governos de Portugal e Espanha.
Análise Estética e Significado Cultural
Do ponto de vista estético, a Dama de Elche apresenta características que demonstram a síntese entre influências gregas clássicas e elementos tipicamente ibéricos, especialmente nos adornos elaborados.
O busto representa uma mulher ricamente adornada com um complexo toucado em forma de rodas laterais (rodetes), colares sobrepostos e joias detalhadas.
O significado cultural da Dama de Elche permanece objeto de debate entre especialistas. É interpretada como uma representação de divindade, sacerdotisa ou aristocrata, mas sempre associada a um contexto ritual ou religioso.
A perfeição técnica, a expressividade do rosto e o detalhamento dos adornos fazem desta obra uma peça única.
A Dama de Elche é atualmente uma das peças mais visitadas e emblemáticas do Museu Arqueológico Nacional de Madrid. Sua beleza e significado cultural continuam a fascinar historiadores e entusiastas da arte.
A Dama de Baza: Tesouro Arqueológico Ibérico
Datada do século IV a.C., a Dama de Baza representa um tesouro arqueológico singular. Esta escultura em pedra calcária policromada é um dos exemplares mais importantes da arte ibérica antiga.
Contexto Arqueológico e Descoberta
A Dama de Baza foi descoberta em 1971 por Francisco Presedo durante escavações sistemáticas na necrópole de Cerro del Santuario, próximo à cidade de Baza, no sul da Espanha.
A escultura foi encontrada no interior de uma câmara funerária pertencente a uma importante necrópole dos Bastetanos, uma das tribos ibéricas territorialmente mais importantes que ocupavam a região de Almeria e as zonas montanhosas de Granada.
O contexto arqueológico revelou que a estátua funcionava como urna funerária, contendo em seu interior as cinzas de uma pessoa cremada, provavelmente uma mulher de alto status social. Esta descoberta forneceu insights valiosos sobre as práticas funerárias e a estrutura social dos povos ibéricos.
Características Artísticas e Importância Histórica
Do ponto de vista artístico, a Dama de Baza apresenta características semelhantes à Dama de Elche, com influências helenísticas, mas mantém elementos distintivos como o trono com braços em forma de asas e vestígios significativos da policromia original.
A figura está sentada em um trono alado, vestida com túnica e manto, adornada com joias e segurando um pequeno pássaro em sua mão esquerda, possivelmente simbolizando a passagem para o além.
A preservação de grande parte da policromia original, com pigmentos azuis, vermelhos e ocres, faz desta peça um documento excepcional para o estudo das técnicas de pintura e do simbolismo cromático na arte ibérica.
Atualmente conservada no Museu Arqueológico Nacional de Madrid, a Dama de Baza, junto com outras esculturas ibéricas, constitui um patrimônio cultural compartilhado entre Portugal e Espanha, testemunhando a riqueza artística dos povos pré-romanos da península.
A Língua e Escrita dos Ibéricos
A língua e a escrita dos ibéricos são fundamentais para entender a sua identidade cultural e legado. A língua ibérica, uma língua não indo-europeia, continuou a ser falada durante a ocupação romana, demonstrando a resistência cultural destes povos.
O Sistema de Escrita Ibérico e suas Inscrições
O sistema de escrita ibérico desenvolveu-se ao longo da costa leste da península Ibérica, consistindo em vinte e oito sílabas e caracteres alfabéticos. Algumas dessas inscrições foram encontradas em moedas, placas de chumbo, cerâmica e estelas funerárias. No sul de Portugal e no sudoeste peninsular, desenvolveu-se um sistema de escrita relacionado, mas distinto, conhecido como escrita do sudoeste ou tartéssica.
As inscrições ibéricas fornecem valiosas informações sobre a cultura e a língua dos ibéricos, embora muitas ainda permaneçam indecifradas.
Os especialistas conseguiram transliterar os fonemas da língua ibérica, mas o significado das palavras permanece em grande parte desconhecido, com exceção de alguns nomes de lugares e cidades identificados em moedas do século III a.C.
Debates sobre a Decifração e Relação com Outras Línguas
Um debate importante na linguística histórica refere-se à possível relação entre a língua ibérica e o basco moderno. Inicialmente consideradas aparentadas, hoje se entende que são línguas separadas. Os ibéricos mantiveram sua língua e escrita mesmo durante o início da ocupação romana, embora gradualmente o latim tenha se tornado predominante.
O estudo da língua ibérica continua sendo um campo ativo de pesquisa, com novas descobertas arqueológicas e métodos computacionais oferecendo perspectivas para avanços na sua decifração. A compreensão da língua e escrita ibérica é crucial para entender a complexidade da cultura ibérica e seu legado na Península Ibérica.
Relações com Outros Povos: Celtas, Celtiberos e Colonizadores
A interação dos povos ibéricos com outros grupos étnicos foi crucial para a formação cultural e política da Península Ibérica. Essas relações não apenas influenciaram a economia e a cultura ibérica, mas também resultaram na formação de novos grupos étnicos.
Interações com Celtas e Formação dos Celtiberos
A entrada dos celtas na Península Ibérica a partir do século VIII a.C. levou a diferentes dinâmicas de interação com os povos ibéricos. No noroeste e centro da península, houve uma maior assimilação cultural, enquanto no sul e leste, os ibéricos mantiveram sua identidade cultural mais intacta.
Nas zonas de contato, especialmente na Meseta Central e em partes de Aragão e Catalunha, formou-se o povo conhecido como celtiberos, que combinava elementos culturais de ambos os grupos.
Relações com Fenícios, Gregos e Cartagineses
O comércio foi um vetor crucial de relação com os povos colonizadores mediterrâneos. Os fenícios fundaram colônias comerciais importantes no sul da península, como Cádis e Málaga, que serviram como pontos de contato para o comércio e a difusão cultural.
As relações com os gregos se intensificaram a partir do século VI a.C., principalmente através da colônia de Emporion (Ampúrias), influenciando significativamente a arte e a cultura das tribos do nordeste e da costa valenciana.
Com a expansão cartaginesa, muitas antigas colônias fenícias passaram para o domínio de Cartago, alterando as dinâmicas comerciais e políticas na região. Os conflitos subsequentes com cartagineses e romanos durante as Guerras Púnicas acabaram por levar à conquista romana da península, transformando definitivamente o panorama político e cultural de Portugal e Espanha.
O Legado Cultural dos Ibéricos na Península e Além (408 palavras)
A influência cultural dos ibéricos permanece viva na península Ibérica e além. Os Iberos ou Ibéricos eram um povo que habitou as regiões sul e leste da Península Ibérica na Antiguidade, deixando um legado que continua a ser sentido nos dias atuais.
A economia ibérica era caracterizada por uma agricultura rica, exploração mineira intensa e metalurgia desenvolvida. Além disso, a arte ibérica é notável por sua qualidade e beleza, como exemplificado pelas famosas esculturas da “Dama de Elche” e da “Dama de Guardamar”.
O legado cultural dos povos ibéricos é fundamental para a identidade histórica da península Ibérica. Apesar de sua existência como civilização distinta ter terminado com a romanização, muitos elementos da cultura ibérica foram incorporados ao mundo romano e posteriormente transmitidos às culturas que se desenvolveram na região.
A arte ibérica, especialmente suas esculturas monumentais, continua a inspirar artistas contemporâneos e representa um capítulo único na história da arte da Europa Ocidental. Além disso, os museus arqueológicos de Portugal e Espanha preservam importantes coleções de artefatos ibéricos que atraem visitantes do mundo inteiro.
A toponímia atual da península conserva numerosos nomes de origem ibérica, testemunhando a persistência deste substrato linguístico apesar da posterior latinização. As técnicas de mineração e metalurgia desenvolvidas pelas tribos ibéricas foram aproveitadas e expandidas durante o período romano, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região por séculos.
No século XXI, o interesse pelo estudo dos povos ibéricos tem crescido significativamente, com novas pesquisas arqueológicas, linguísticas e genéticas oferecendo perspectivas renovadas sobre esta antiga civilização. O legado dos ibéricos transcende as fronteiras da península, com sua influência cultural sendo reconhecida em regiões como o sul da França e norte da África.
A redescoberta e valorização do patrimônio ibérico representam não apenas um esforço acadêmico, mas também uma forma de reconectar as sociedades contemporâneas com suas raízes históricas mais profundas. Assim, o estudo dos povos ibéricos continua a ser uma área vibrante de pesquisa e descoberta.

